terça-feira, 12 de setembro de 2017

Capítulo 8 - Reencarnação

Na aula teórica, tivemos conhecimentos de anatomia, estudamos o corpo humano. 

Depois vimos,
através de filmes, muitas reencarnações. 


Presenciamos nascimentos de gêmeos, observando como dois ou mais espíritos se preparam para reencarnarem juntos. E também como é feito o processo de esquecimento do passado. Todos nós temos na reencarnação um recomeço. Não nos convém recomeçar lembrando o passado.

Temos a bênção do esquecimento dos nossos erros, para que no novo corpo recomecemos sem a dor do
remorso.


- É útil recordar o passado, outras existências? 


- Indagou Terezinha.

- Quando desencarnados, só se recordam os que estão aptos para isto e se for útil a eles. Encarnados,
em alguns casos somente. É prejudicial lembrar-se por curiosidade. Às vezes, recordar é uma terapia.


Como em pessoas com tendências ao suicídio. Talvez sabendo um pouco do que sofreu, quando se suicidou em vida passada, lutará contra essa tendência e tentará superá-la. Algumas pessoas com traumas têm seus problemas amenizados com a lembrança. Só recorda sozinho aquele que está amadurecido para isso. Muitas recordações em espíritos imaturos os têm levado à loucura 
- respondeu Raimundo.

- Vi, quando encarnado, pessoas loucas, que tinham duas personalidades, será que é porque
recordavam o passado? 


Ivo indagou.

- Cada caso deve ser analisado para darmos o diagnóstico. Mas pode ser que, recordando sem o
devido preparo, o cérebro físico adoeça, confundindo tudo. Sei de obsessores que, vendo que o encarnado tem tendências à loucura, o forçam a recordar o passado e assim ele fica doente. O esquecimento é uma bênção!


- Mas ficam em nós fatos do passado, medos, afetos e desafetos, não é mesmo? Sempre, quando
encarnado, se tem alguma sensação de conhecer lugares ou pessoas - disse Rosália.


- Todos nós esquecemos o passado para reencarnar, mas fica em muitos a impressão dos
acontecimentos mais marcantes. Daí sentirmos essas sensações.


Muitos fatos interessantes foram narrados. Há grupos que se afinam numa grande família espiritual e procuram reencarnar sempre juntos, uns ajudando os outros. Existe também a reencarnação numa tentativa de reconciliar espíritos, embora nem sempre se consiga isso. Conhecemos tantos casos assim, membros de uma família se odiando e, às vezes, até matando um ao outro. Joaquim narrou sua história:


- Inimigos de séculos fomos eu e outro espírito. Reencarnamos como irmãos nesta minha última
existência, para que aprendêssemos a amar. Desde pequenos brigávamos, nos odiando. Numa dessas brigas, atingiu-me ele com uma faca, fiquei gravemente ferido e vim a desencarnar dias depois.


Ainda bem que ele se arrependeu, pedindo-me perdão, e eu o perdoei de coração. Ele ainda se encontra encarnado e se arrependeu com sinceridade. Mas entre nós houve tantas ofensas, que teremos de estar juntos de novo para atar laços de afeição.

- Será que poderão brigar novamente? 


- Indagou Cecília. Joaquim respondeu:

- Espero que não. Tenho me esforçado para aprender: trabalho no Posto, no Umbral, no meio de muito sofrimento para conscientizar-me do bem.


Para amar a todos como a mim mesmo.

Fomos ao Departamento de Reencarnação da Colônia. É um prédio muito bonito, cercado de jardins.


O prédio de três andares é só para o Departamento.


Inúmeras pessoas trabalham ali. Sua decoração é simples, com pintura bege-clara. Possui muitas repartições. Primeiramente ficamos no salão da frente, lá estavam varias pessoas preparando-se para a reencarnação.

Misturamo-nos a elas, conversando para saber de seus problemas e o que desejavam.

Aproximei-me de duas senhoras, apresentei-me. A mais velha disse:


-Aqui estou para pedir a reencarnação. Minha bisneta, espírito muito querido, quer engravidar, espero ser esse nenê. Confio nela e sei que me educará bem.


- Preocupo-me - disse a outra senhora. - Quero reencarnar para esquecer. Cometi muitos erros na
existência passada e, por mais que tente não sofrer por eles, não consigo, O remorso me persegue. Pedi que me esquecesse, com a bênção da reencarnação.


 Só que abusei dos vícios, com as bebidas alcoólicas e o fumo, danificando meu corpo sadio.

Agora, ao encarnar, terei algumas doenças que me farão ficar longe de tais vícios.

Fiquei a pensar no que ouvi. Procurei Frederico e indaguei: Frederico, é Possível acontecer o que
aquela senhora me disse? - E relatei-lhe o fato.


- Patrícia, somos o que construímos no passado e Seremos no futuro o que Construirmos no presente.


Essa senhora não conseguiu educar-se. 


Reencarnando deste modo, poderá transmitir ao corpo físico o que pensa.

Misturei-me aos outros novamente. Aproximei-me de um homem e de uma mulher jovens ainda. Ela
nos disse:


- Gosto muito da pessoa que vai ser meu pai. Mas não gosto da que vai ser minha mãe. Sei que ela
não tem simpatia por mim.


- Não aprendeu a amá-la? – Indaguei.


- Bem, não é fácil. Ela é muito chata. Novamente fui indagar Frederico.


- Ora, Patrícia, todos nós que estamos no rol das reencarnações temos defeitos a superar e virtudes a
adquirir. Não é Porque vão reencarnar que são santos ou que aprenderam tudo na cartilha do bem viver. Se fossem perfeitos, a Terra não estaria nessa confusão que vemos.


O fato é que este preparo é para poucos. Como também são poucos os que podem escolher os país,
como irão ser, etc. Esse preparo só é possível aos que trabalham, são abrigados nas Colônias e nos Postos de Socorro.


Há muitas salas no Departamento. A sala dos pedidos é muito freqüentada. É onde se fazem os
pedidos para reencarnar. As pessoas que trabalham no Departamento são treinadas e com muita experiência.


Têm tarefas no Departamento e na Terra, acompanhando as reencarnações e ajudando a conscientizá-las.


Existe a sala dos moldes, onde são estudadas as formas do corpo que os futuros reencarnados terão.


É muito bonita; vimos fazer alguns moldes de corpos perfeitos, que teriam doenças depois de certa idade etc.

Os técnicos são preparados, estudiosos e gostam do que fazem. Esses moldes são feitos assim: o espírito que quer reencarnar vai até lá e pede que lhe façam um molde. Baseados no físico dos pais, os técnicos traçam o modelo, levando em conta os pedidos do reencarnante, como doenças, detalhes etc. Quando forem reencarnar e seu perispírito se encolher para se ligar ao feto, tudo é feito baseado neste molde. 


O molde é feito para o feto, mas sabe-se como vai ficar quando adulto. Não são todos os que reencarnam que fazem uso desta sala.

São poucos os que podem escolher o corpo que vão ter. Esses poucos são os casos, em que haja problemas particulares, em que os estudiosos do Departamento pedem que sejam feitos, e os casos de espíritos com muito merecimento.


Há a sala de espera, onde ficam os candidatos à reencarnação que pedem para reencarnar e aguardam sua vez.


Aprendi muito conversando com as pessoas. E notei que não pensam da mesma forma. Muitos
gostam da vida encarnada e pediam nova oportunidade no corpo. Outros queriam reencarnação porque lhes era necessário, mas amavam vida no plano espiritual. Em alguns deles o medo estava presente, temiam perder-se na matéria.


Sabem que a encarnação ilude a muitos e que o caminho das facilidades é mais prazeroso. Sabem que crescer espiritualmente não é fácil.

Conversamos muito, animamos todos. Reencarnar é morrer para o mundo espiritual.


A aula pratica foi ótima, pelo menos não vimos choradeira. Nascimento é quase sempre motivo de
alegria.


Flor Azul juntou-se a nós. Perguntei-lhe:


- Como vai o trabalho no Centro Espírita?


- Muito bem. Temos tido muitas atividades ultimamente. Pensei: ”Coitado, tanto trabalho e ele aqui comigo”.


Esqueci que ele podia ler meus pensamentos.


Respondeu tranqüilamente:

- Sim, há muito trabalho, porém o meu é este agora e o faço com amor. Coitado é aquele que não
gosta do que faz.


Saber que confiam em mim para protegê-la é um presente que recebo.


Sorri, e também pensei: ”Tenho muito que aprender, para viver sem dar ’ratas’ no plano espiritual”. Primeiramente fomos ver o encontro de pais com futuros filhos.


Os trabalhadores do Departamento trazem o espírito, o candidato à reencarnação, até a casa dos pais ou da mãe.


Afastam os encarnados do corpo, enquanto dormem. São na maioria encontros felizes. Só trazem dificuldades quando a reencarnação e para reconciliar e os encarnados não querem aceitar os inimigos por filhos.


E emocionante ver espíritos afins se reencontrarem.


Comovemo-nos ao ver um encontro entre futuros
pai e filho.


Dois espíritos amigos há séculos.


Vimos também espíritos se ligarem aos fetos, O espírito reencarnante fica junto à mãe, grudadinho. 


É tão lindo!

Que maravilha é a maternidade!


Presenciamos uma reencarnação frustrante, que não deu certo. A gestante adoeceu, danificou o feto e
ele morreu.


- E agora? - Quis saber Cecília. - Que irá acontecer?


- Aproveitamos para ajudar a mãe - disse Frederico. - Este espírito será levado de volta ao
Departamento e tentará de novo.


- Com esta mesma família? - Ivo perguntou.


- Tudo indica que sim, porque são afetos, mas, se não for Possível, escolherá outra família.


Observamos, também, chegar ao hospital uma mãe que Provocara o aborto e estava com grande
hemorragia. O reencarnante estava colado a ela. Os técnicos o retiraram de perto da mulher e o levaram ao Departamento, a um local próprio.


O que gostamos de ver foram os partos, e ajudar. 


Que gostoso é ver um nenê nascer. Nascimento é
festa para a maioria dos encarnados. Ver pais felizes com os filhos é alegria para nós todos.


Mas há reencarnações que não dão certo, ocorrendo a desencarnação da criança logo em seguida. Isso
acontece por muitos fatores, e o espírito é sempre levado de volta ao DePartamento. Lá, ou planejam
reencarnar novamente ou retomam o aspecto que tinham antes da reencarnação frustrada. Isso ocorre para um aprendizado.


Vimos uma mãe que doou o filho, não querendo nem vê-lo. Soubemos que o reencarnante fora seu
inimigo, e ela sentiu repulsa ao tê-lo. Novamente fomos à sala de aula para a conclusão. Este assunto, embora fascinante, não foi intenso. As perguntas foram poucas.


- Como se sente o espírito após um aborto?


- Se o aborto foi natural, ou seja, algo não deu certo e o feto morreu, o reencarnante sente por não ter
dado certo, tenta de novo, às vezes com os mesmos pais; se não é possível, escolhe outros. Não sentem dor, nada, É como se você fosse dar um salto, tenta e não dá certo, prepara-se e tenta de novo. Já no aborto provocado, o espírito não sente dor, mas sente a repulsa, a rejeição. Normalmente é socorrido e levado para o Departamento. Mas há casos em que o reencarnante se revolta e não pode ser socorrido; retoma a forma anterior e passa a ser obsessor dos pais ou da mãe.


- Pode haver algum acidente imprevisto na reencarnação?


- Ivo perguntou.


- Sim, nós vimos um aborto natural, em que, infelizmente, a mãe ficou doente e o feto morreu.


- Achei muito interessante o caso que vimos de o pai querer o reencarnante por filho, e a mãe, não -
comentou Cecília.


- De fato - respondeu Frederico -, isso é comum: um dos cônjuges quer um espírito por filho, e o
outro, não. Os técnicos sempre tentam reconciliar ambas as partes.


- Todas as mães que dão os filhos o fazem porque eles foram seus inimigos? - Luís perguntou.


- Não, muitas vezes o fazem por necessidade, outras por não querer responsabilidade. Também
acontece, como o caso que vimos, de serem inimigos, e a mãe não querê-lo.


Há outros tipos de reencarnação: os não assistidos por espíritos protetores do bem. Não vimos esses
casos no curso. Não me cabe agora entrar nesses pormenores, pois eu ainda não estou inteirada do assunto. Pensei bem, não quero reencarnar tão cedo. Amo tanto a vida no plano espiritual! Porém, sei que um dia terei novamente de fazê-lo. Entendi agora bem o que um senhor no Departamento me disse:


- Ora, se todos entendessem o que é a vida quando encarnados, chorariam na reencarnação e não na
desencarnação!

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